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As lições do carnaval para as empresas

O ano finalmente começou na última quinta-feira. Crianças de volta às aulas, equipes completas nas empresas e trânsito caótico para os moradores das grandes capitais. Com a apuração do último voto dos jurados a rotina enfim voltará ao normal – mesmo em meio à vergonha ocorrida em São Paulo.

Apesar de grande parte dos brasileiros aproveitarem o carnaval para descansar, a beleza e criatividade dos nossos desfiles são incontestáveis. Quem já viajou para o exterior sabe que é sinônimo de brasilidade, assim como a Amazônia e com menor empolgação o futebol, o qual anda com a bola meio murcha nos últimos tempos.

Fazendo uma analogia e aproveitando que é hora de voltar ao batente, que tal se perguntar como a empresa na qual trabalha ou dirige é vista por colaboradores, acionistas, sociedade, fornecedores e clientes?

Inovadora, original e criativa como uma escola de samba, importante e rara tal qual a floresta amazônica ou meio capenga como o futebol canarinho? Para ajudá-lo, trago a teoria VRIO, desenvolvida pelos professores Barney e Hesterly, cujo enfoque se baseia nos recursos que a empresa detém. Vamos à primeira letra do acrônimo.

Valioso: os recursos que detém permitem que explore oportunidades e/ou neutralize ameaças do ambiente? Um caso clássico é o Cirque Du Soleil, o qual subverteu a lógica do ambiente que condenava os circos à extinção, criando um novo e inexplorado mercado, praticamente sem concorrentes.

Raro: sua empresa controla recursos que poucas empresas possuem? Para identificá-los pense na cadeia de suprimentos. Num mundo em que tudo vira commodity na grande fábrica “Made in China”, poucas firmas ainda conseguem esta façanha. Patentes, inovações, poços de petróleo, minas e florestas são alguns exemplos.

Imitabilidade: caso sua empresa possua os recursos mencionados, concorrentes conseguem desenvolvê-los ou imitá-los? Como paralelo, o negócio do futebol há tempos se profissionalizou no velho continente. Marketing, patrocínios, transparência e parcerias ganha-ganha são cada vez mais vistas por lá.

Organização: as políticas e processos estão organizados para suportar os recursos valiosos, raros e difíceis de imitar? Esta é a razão pela qual muitas vezes não conseguimos descobrir ou imitar o sucesso de algumas corporações. Já no caso do carnaval, creio que poderíamos explorá-lo de maneira mais apropriada pelos ministérios competentes.

Conseguiu identificar em quais pontos sua empresa se destaca? Com base em suas respostas você poderá classificá-la em cinco categorias, do pior para o melhor cenário:

Desvantagem competitiva: seus recursos são pouco valiosos.

Paridade competitiva: detém recursos valiosos, porém não raros.

Vantagem competitiva temporária: apesar dos recursos valiosos e raros, estes são passíveis de imitação.

Vantagem competitiva não explorada: não explora os recursos valiosos, raros e difíceis de imitar que possui.

Vantagem competitiva sustentável: reúne os recursos valiosos e raros, explorando-os através da organização.

Já arrancou seus cabelos? Procure não entrar em desespero. Saia em busca de novos mercados, recursos ou então copie, caso esteja posicionado no primeiro ou segundo item. Inove rapidamente para não perder a vantagem temporária como o futebol brasileiro.

Crie processos e comunique sua vantagem, tal qual o carnaval brasileiro deveria fazer. Ou então celebre os lucros de sua vantagem competitiva sustentável, mantendo sempre a atenção no espelho retrovisor. Caso contrário, poderá ter que se contentar em entregar a bola de ouro a uma japonesa ou pior ainda, a um argentino. Felizmente não permitem escolas estrangeiras na Sapucaí. Ainda.

escrito por Marcos Morita

Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

Sobre o Autor: Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

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