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O IR na era digital

Para milhões de brasileiros, a próxima sexta-feira será bastante diferente. Em vez da boa e velha mesa do bar, computador, recibos, extratos e informes de rendimento. Como ocorre há décadas, os últimos dias do mês de abril são dedicados a acertar as contas com o implacável fisco. Não obstante, a maioria dos brasileiros reserva o feriado de Tiradentes para começar a pensar no assunto. Só para exemplificar, cerca de doze milhões de declarações ainda precisam ser entregues.

Apesar da lentidão nos servidores da receita, comum nos derradeiros minutos, vale à pena relembrar que sua entrega até alguns anos atrás era feita nas agências bancárias, as quais estendiam seus horários para poderem recebê-las. A cena era bastante comum nos escritórios: executivos desesperados, gravando disquetes e preenchendo formulários para levá-los ao banco mais próximo.

A transmissão ao Leão é mais uma modalidade do comércio eletrônico, cujo surgimento data de aproximadamente trinta anos, restrito às empresas. Os cartões de crédito e débito, os caixas eletrônicos, a internet e o avanço dos protocolos de segurança digital foram os maiores responsáveis por sua popularização. O e-commerce, todavia, não se restringe as vendas do varejo aos consumidores, sua face mais visível. Seu escopo é bem mais amplo, englobando as modalidades: B2B, B2C, C2C, G2B e G2C. Vejamos cada sigla em detalhes.

B2B (Business to Business) – O que começou com uma simples transmissão de ordens de compra e venda entre empresas é hoje utilizado como ferramenta para redução de custos e aumento de produtividade. As trocas de arquivos permitem o gerenciamento da cadeia de suprimentos, a gestão das atividades de manufatura e o desenvolvimento de produtos. Em alguns casos, estoques são repostos de maneira automática pelo fornecedor, sem necessidade de cotações ou pedidos de compras. Embora sua utilização seja crescente, é ainda bastante restrito as empresas de grande porte.

B2C (Business to Consumer) – As vendas do varejo alcançaram em 2009 mais de 10 bilhões de reais, conforme a empresa de auditoria digital e-bit. As vantagens podem ser encontradas nos dois lados do balcão: maior variedade de itens, menor custo de estoque, preços mais baixos, compras 24 horas, disponibilidade de informações e entregas nos mais longínquos rincões. A despeito do crescimento acelerado dos últimos anos, vale salientar que a nova classe C começa a dar seus primeiros cliques, ou seja, muita coisa ainda deve acontecer.

C2C (Consumer to Consumer) – A troca de produtos entre consumidores, também conhecida como escambo, é uma das formas de comércio mais antigas da humanidade. Encontrar compradores e vendedores interessados pelo mesmo produto era tarefa para os classificados de domingo ou jornais específicos como primeira mão. O surgimento da web trouxe um novo modelo de negócio, os infomediários, junção de informação e intermediários. Com eles maior agilidade, menores custos, melhor capilaridade e exposição dos produtos. Mercado livre, Imovelweb e Webmotors são alguns dos melhores representantes.

G2B (Government to Business) – Somos um país famoso pelo nosso futebol, carnaval e carga tributária elevada. O governo federal e os estados têm criado formas inteligentes para aumentar a arrecadação. A implantação do SPED – sistema público de escrituração digital e as notas fiscais eletrônicas são alguns exemplos. Com a transmissão das informações por meio eletrônico há uma diminuição nas brechas para sonegação fiscal. Apesar da redução na competitividade das empresas, a competição se dará em bases mais justas e equitativas.

G2C (Government do Citizen) – Embora a burocracia seja uma das mazelas a serem corrigidas no serviço público, muito se avançou no que tange ao atendimento ao cidadão. Tirar um documento novo ou solicitar uma segunda via é hoje mais rápido e menos penoso que há algum tempo, quando tínhamos que enfrentar filas, desorganização e mal humor.

Conforme apresentado, o comércio eletrônico tem facilitado, melhorado e revolucionado a maneira pela qual os negócios são feitos. Agora, caso você se encaixe nos 12 milhões de contribuintes que ainda não transmitiram sua declaração, corra! Diferentemente da época dos bancos, servidores não estendem horários nem fazem diferenciação entre contribuintes – pelo menos até o recebimento da declaração.

escrito por Marcos Morita

Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

Sobre o Autor: Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

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