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Reconstruir o Rio de Janeiro: Retomar as atividades aprendendo com a tragédia

Enfim chegamos a mais um final de Janeiro. Como todo ano, férias das crianças, listas intermináveis de materiais escolares, resquícios das festas nas faturas dos cartões, praias lotadas e os já conhecidos e famigerados IPVA e IPTU. Com relação às condições meteorológicas; tempo instável em grande parte do país, provocando a maior tragédia climática da estória.

Para os moradores da serra fluminense, as preocupações cotidianas deste mês passarão despercebidas, face aos enormes desafios que terão pela frente. Reconstruir suas casas, lidar com a perda de entes queridos e até o medo do desemprego, causado pelos estragos ocorridos nas indústrias pertencentes aos pólos industriais da região.

Centenas de empresas foram afetadas em maior ou menor grau pela tragédia: telefones mudos, caminhos intransitáveis, perda de matérias-primas, máquinas e produtos acabados. Não obstante o absenteísmo, consequência de vidas e famílias devastadas. Conforme pesquisa da FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), mais de sessenta por cento das empresas tiveram suas atividades afetadas, com prejuízos na casa dos cento e cinquenta milhões de reais.

Pacotes de ajuda serão implantados pelo governo para amenizar a situação dos empresários, seja através de taxas mais competitivas ou valores disponíveis para financiamento. Parcerias e acordos estão sendo firmados com bancos e organismos nacionais e internacionais.

Considerando apenas Nova Friburgo, a cidade mais castigada pelas chuvas, são quase mil pequenas e médias empresas produtoras de moda íntima, responsáveis por mais de vinte mil postos de trabalho. Face às tarefas hercúleas, listo abaixo alguns pequenos conselhos que poderão ser úteis na retomada das atividades.

  • Fluxo de Caixa: faça uma revisão do capital de giro, incluindo as despesas para a retomada das atividades. Dê prioridade aquelas relacionadas às atividades produtivas: infraestrutura, máquinas e matérias-primas.
  • Fornecedores: renegocie eventuais perdas com matérias-primas, fornecimento de lotes menores ou fracionados, devoluções, entregas programadas e compras futuras. Qualquer prazo ou condição especial ajudará a colocar o estoque e as contas em ordem.
  • Clientes: avalie a carteira de pedidos versus o prazo médio de retomada das atividades. Classifique-os através de uma curva ABC, avaliando-os conforme faturamento, margens e frequência de compras. Agende reuniões com os principais parceiros, propondo alternativas de contorno às entregas.
  • Parcerias: o networking – ou rede de relacionamentos – será fundamental nesta hora. A troca de favores deve ser a tônica neste momento, seja diretamente ou através de associações ou cooperativas. Compartilhamento de matérias-primas, transportes, funcionários e sublocação de máquinas e equipamentos são algumas possibilidades.
  • Clima organizacional: Tão importante quanto o ambiente interno devem ser as preocupações com o bem estar dos colaboradores, afetados direta ou indiretamente pela tragédia. Avalie as situações mais delicadas, oferecendo ajuda ou mesmo um afastamento temporário das atividades. Criar um programa interno é também uma boa iniciativa.

Enfim, tão importante quanto reerguer as cidades, casas, estradas, pontes e atrações turísticas demonstradas à exaustão nos noticiários noturnos, está a retomada das atividades econômicas, severamente castigadas neste mês de Janeiro. Ao contrário da solidariedade de milhares de brasileiros envolvidos na reconstrução e envio de bens de primeira necessidade, os concorrentes estão à espreita, esperando eventuais brechas que porventura sejam deixadas pelas empresas fluminenses.

escrito por Marcos Morita

Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

Sobre o Autor: Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

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