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Apple e Microsoft: um duelo de titãs

Mesmo atrasada, a Microsoft está na corrida para conquistar espaço nas novas mídias. Termos como computação em nuvem e web 2.0 até pouco tempo nem estavam no portfólio da empresa. Para diminuir esse visível atraso, a companhia lançará diversos smartphones com a nova versão do seu sistema operacional móvel, Windows Phone 7, em parceria com a operadora americana AT&T. Assim, a empresa abre mais um nicho de concorrência contra sua principal rival, a Apple.

Bem diferente do quase monopólio existente em notebooks e desktops, Bill Gates e sua turma tentam ganhar mercado nesse setor que anda bastante concorrido e pulverizado. Dados da consultoria Gartner apresentam uma desconfortável quinta posição, atrás de Symbian, RIM – Blackberry, IPhone OS e Android – este último um software aberto desenvolvido pelo Google.

O crescimento astronômico do Google e a ultrapassagem pela Apple em valor de mercado demonstram uma situação no mínimo inusitada para a Microsoft, empresa que já foi considerada sinônimo de tecnologia. O cenário é incerto, apesar de seus principais produtos (Windows e Office) serem ainda o padrão vigente. Não obstante a incontestável liderança, as licenças têm apresentado uma queda significativa em seus preços – seja pela pirataria, padrões abertos ou até mesmo pela pressão da sociedade pelo modelo Google, cujo conceito está em oferecer conteúdo gratuito.

O problema pode estar no portfólio da Microsoft. Há poucos produtos inovadores – Xbox e Bing são ainda incipientes e incertos quando comparados com os concorrentes: Play Station, Nintendo e Google. Um dos últimos lançamentos, o Windows Vista foi um fiasco, enquanto as novas versões estão cada vez mais interativas e parecidas com o principal concorrente. Isso demonstra uma fragilidade e dependência muito forte de poucos produtos, também chamados de vacas leiteiras na matriz BCG, desenvolvida pela consultoria Boston Consulting Group.

A Apple, por outro lado, apresenta um portfólio mais balanceado e completo, através dos produtos que compõem o seu mix – iPhone, iMac, iPod, iPad. Apesar das críticas iniciais sobre este último – cuja utilidade vinha sendo questionada – o fato é que o mesmo tornou-se um grande hit. A despeito de alguns pequenos tropeços, tais como o lançamento do iPhone 4 com alguns “bugs”, Steve Jobs não dá trégua a seus concorrentes, lançando novas versões de seus produtos em plena maturidade, evitando que outras marcas se aproveitem de eventuais fraquezas e desinteresse de produtos em declínio.

O efeito religioso dos macmaníacos pode ser comparado em certa medida com os usuários das motocicletas Harley Davidson – os quais vestem-se com a marca e até a tatuam em seus corpos, através de comunidades como a HOG
(Harley Owners Group). No caso da Apple, creio que grande parte da “aura” esteja na figura do genial Jobs, cujo perfeccionismo e culto ao design chega quase à obsessão.

A estratégia de marketing da Apple é também mais sedutora, criativa e inovadora. Não apenas seus anúncios, mas a maneira como se apresenta ao mercado e os conceitos que vende, chamam muito mais atenção do consumidor atual. Pontos de venda em locais de altíssima visibilidade – como a loja envidraçada da 5ª avenida – clientes que literalmente “dormem” nas filas só para terem o seu troféu antes dos demais e lançamentos mais do que aguardados, corroboram a preferência da marca pela diferenciação.

A Microsoft, por sua vez, parece mais preocupada em manter as alianças com os fabricantes, integradores e grandes contas ou “key accounts” – usuários cativos de seus produtos e base de sua estratégia de sucesso. Ao que tudo indica, o mercado corporativo ainda será uma de suas grandes apostas.

Apesar do menor glamour e destaque na mídia, esse nicho é bastante lucrativo e em certa medida as corporações são conservadoras, preferindo marcas consolidadas e compra de soluções e pacotes completos, também chamados de “turn key”. Para tanto são necessárias parcerias e acordos comerciais, campo no qual a Microsoft é extremamente experiente. Pelo visto, a batalha ainda não tem data certa para terminar, mesmo que a luta agora ocorra em ringues separados.

escrito por Marcos Morita

Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

Sobre o Autor: Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

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