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Heliocentrismo: a dura relação com chefes difíceis

toyama_conflictos_laboralesCertamente você já conviveu em sua vida profissional com tipos heliocêntricos. Em astronomia, helicocentrismo foi a teoria criada por Nicolau Copérnico, polonês que viveu entre os séculos XIII e XIV, cuja hipótese baseava-se que a Terra e os demais planetas giravam em torno do Sol, opondo-se a teoria vigente do geocentrismo, a qual tinha a Terra como centro.

Estes personagens são encontrados em todo tipo de empresa: grandes, médias, pequenas, multinacionais, nacionais e familiares, praticamente de qualquer segmento, exceção feita talvez a ONGs e instituições de caridade. Vistos em vários níveis hierárquicos, são mais notados a medida em que galgam a pirâmide hierárquica, por lá nasceram ou foram criados: empreendedores, sócios e herdeiros.

Trabalhar para ou ter um heliocêntrico como chefe direto é garantia de dor de cabeça, irritação, gastrites, úlceras e problemas emocionais. Vejamos como isto ocorre no dia a dia.

Ampulheta: acredito que os relógios dos heliocêntricos marquem o tempo de forma diferente. Desrespeitar agendas, fazer que os demais esperem, chegar ou sair no meio da reunião, falar ao celular e pedir para que recomecem a apresentação parece lhes trazer certo prazer ou sensação de poder, a despeito dos presentes que por lá chegaram pontualmente.

Astro Sol: sua agenda é o próprio astro, marcando e desmarcando compromissos próprios e alheios, em geral em cima da hora, causando pânico aos envolvidos, os quais precisam reagendar ou cancelar visitas, emitir ou reemitir passagens aéreas, enfim virar-se nos trinta. Um exemplo clássico é a personagem Miranda Priestly, interpretada por Meryl Streep em o Diabo Veste Prada, cujos pedidos à pobre secretaria soavam no mínimo insólitos.

Fotossíntese: conheci tipos que literalmente pareciam alimentar-se de luz solar. Desta maneira, utilizavam o turno do meio dia as duas para agendar reuniões ou discutir pendencias com o time, mencionado que aquele era um horário propicio, seja pela calma no escritório ou ausência de telefonemas. Perguntar se alguém estava com fome ou tinha agendado compromissos estava fora de cogitação.

Colegiado: habituado a ser o centro do universo, costuma trazer todos os planetas do sistema para escutarem suas ponderações e ideias, interrompendo-os a qualquer hora e exigindo presença imediata. Apesar de parecerem colaborativos, dificilmente aceitam opiniões divergentes, fazendo com que os presentes sintam-se desprestigiados e sem importância e no longo prazo, apenas concordem com as propostas, tais quais bois de presépio.

Engessamento das estruturas, concentração e demora na tomada de decisão, falta de criatividade e comprometimento das equipes, desconfiança e medo de repreensões, cansaço e desmotivação pela falta de controle sobre a própria agenda, podem ser consequências do excesso de brilho provocado por um chefe heliocêntrico, exceção concedida a mentes brilhantes de comportamento irascível tais como Steve Jobs e Bill Gates.

Voltando à história, foi Galileu Galilei, no século XV, que através do uso de lunetas, aperfeiçoou o modelo proposto por Nicolau Copérnico. Considerado perigoso pela Igreja Católica, enfrentou o tribunal da Inquisição por discordar do modelo geocêntrico. Vale salientar que a aceitação pela Igreja ocorreria somente cinco séculos depois.

A quem identificou-se, sugiro que não demore tanto quanto a Igreja para aceitar e mudar sua posição no sistema solar, seja para o bem de sua empresa ou de seu emprego, ainda mais em tempos nublados e bicudos como agora. Como já dizia Benjamim Franklin: ser humilde com os superiores é obrigação, com os colegas cortesia e com os inferiores, nobreza. Pense nisto antes de tomar sua próxima atitude heliocêntrica. Seus colaboradores lhe serão eternamente gratos.

Por Marcos Morita

escrito por Marcos Morita

Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

Sobre o Autor: Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.