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Redes sociais: as relações humanas ao longo tempo

O Facebook, maior rede social do mundo, divulgou recentemente que seis milhões de brasileiros estão presentes na empresa criada por Mike Zuckeberg. Apesar do contingente, ainda está longe do líder Orkut, com vinte e sete milhões de usuários. Considerando o crescimento apresentado pela empresa, assim como os novos aplicativos, a briga entre Facebook e Google, proprietário do Orkut, promete ser acirrada nos próximos meses. Tamanho interesse se justifica pela liderança brasileira na adoção desta tecnologia – nada menos que 86% dos internautas utilizam as redes sociais conforme levantamento do Instituto Ibope Nielsen.

Voltemos um pouco no tempo. ICQ e Instant Messaging foram os precursores, retratados no filme Mensagem para Você, estrelado por Meg Ryan e Tom Hanks no longínquo ano de 1998. Espartanos e com poucos recursos, permitiam a comunicação via mensagens de texto entre as pessoas. Havia ainda nos primórdios da web os chats ou salas de bate-papo virtuais. Segmentadas por sexo e assunto, foram os primeiros passos rumo às comunidades. O avanço da internet e da banda larga possibilitaram a criação de programas mais robustos, os quais permitiam a inclusão de fotos, comentários, textos, preferências e aplicativos. O contato virtual tornava-se mais pessoal e amigável a cada dia.

Apesar do tema redes sociais ser algo relativamente novo, o conceito remonta décadas ou mesmo centenas de anos. Eletricidade, água, gás, esgoto e telefonia chegam a nossas casas através de fios, canos e dutos, ou seja, redes. Uma das características é a capilaridade, ou seja, a possibilidade de levá-los de um ponto específico para múltiplos outros pontos. O advento da web trouxe nova vida ao termo, desta vez transportando imagens, mensagens, informações e entretenimento. Tamanha importância tem levado burocratas e agências reguladoras a discutir sobre a criação de uma estrutura governamental para fornecimento de banda larga às áreas remotas do país, diminuindo a questão da exclusão digital.

Para o sociólogo americano Mark Granovetter, o qual já apregoava o conceito no início dos anos setenta, as redes são compostas pelos laços sociais, os quais podem ser medidos através (a) da quantidade de tempo dedicado ao contato, (b) da intensidade emocional, (c) da intimidade e (d) dos serviços recíprocos – podendo ser classificados como fortes e fracos. Tente se lembrar de suas redes sociais antes da web 2.0. Aos melhores contatos e amigos, dedicação, emoção, intimidade e reciprocidade. A grande vantagem das redes modernas é levá-lo através dos laços fortes e fracos a pessoas que você não esperava reencontrar ou conhecer. Vejamos o estudo realizado por Milgram.

Anteriormente a Granovetter, outro sociólogo, Stanley Milgram, tinha realizado interessante estudo. Correspondências foram enviadas aleatoriamente a diversas pessoas, as quais foram solicitadas a tentar fazer com que a mesma chegasse ao destinatário específico. O resultado comprovou que as cartas foram entregues ao destino após passarem por um pequeno número de pessoas, comprovando a teoria proposta do “small world” ou mundo pequeno. Estudos posteriores mostraram que seis era o número de conexões entre duas pessoas, independentemente de sua localização no planeta.

Este estudo corrobora as coincidências da vida. Quantas vezes em metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Nova Iorque ou Tóquio, conhecemos pessoas que por sua vez conhecem alguém da nossa rede de relacionamentos. Tenho certeza que com as redes sociais esta tarefa tem sido bem mais fácil. Não apenas através dos laços fortes e fracos, assim como por intermédio dos grupos disponíveis nas redes. Tudo com apenas um clique de distância.

Apesar da facilidade disponibilizada pelos aplicativos e pela web 2.0, vale salientar que as redes sociais já eram utilizadas por nossos pais e avós. Com menor abrangência e interatividade, porém com maior interação, emoção e tempo dedicado às amizades, numa época em que telegrama era sinônimo de velocidade.

escrito por Marcos Morita

Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

Sobre o Autor: Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

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