Por Marcos Morita
Apesar das palavras de otimismo do ministro Guido Mantega – o qual parece viver num conto de fadas – analistas e economistas apontam que o crescimento de 1,5% do PIB no segundo trimestre não se sustentará a médio e longo prazo, confirmando a velha tese do voo de galinha, característico da economia brasileira. Em suma, nada mudará: dólar nas alturas, inflação sobre pressão, desemprego em alta, além de confiança e consumo em baixa, derrubando o otimismo de quem compra e de quem vende.
Olhando as empresas o que se enxerga não é muito diferente: corte de investimentos e custos, congelamento de vagas, promoções e aumentos, demissões em massa, greves e um clima de salve-se quem puder. Neste cenário, empresários, executivos e gerentes se veem com a difícil missão de manter seus colaboradores motivados e valorizados. Um recurso que pode ajudar a amenizar o clima tenso nas equipes são os reconhecimentos informais, uma ferramenta barata e efetiva quando bem utilizada, as quais serão exploradas neste artigo.
Pare para pensar quando foi a última vez que reconheceu um de seus colaboradores por um trabalho bem feito. Não se culpe caso pertença aos grupos “não me lembro” ou “faz muito tempo”. O corre-corre, a pressão do dia a dia por resultados e a luta corporativa costumam causar este tipo de sintoma. Em épocas de economia em crescimento, os reconhecimentos formais oferecidos pelas empresas, tais como participação nos resultados e bônus por atingimento de vendas costumam suprir este déficit.
Coloque-se agora na posição de seus colaboradores. Endividados com as últimas aquisições, não podem contar com o dinheiro extra que costumava salvar a pátria, já que atingir as metas está fora de cogitação em épocas de PIB magro. Por outro lado, amedrontados com a próxima lista de demissões, amplificada pela rádio peão, trabalham muito e se esforçam para que não sejam os próximos, não recebendo no final do dia uma mísera palavra de incentivo de seus gestores. Nem o ministro conseguiria manter o moral elevado nestas condições.
Rosabeth Moss Kanter, renomada professora de Harvard e autora de publicações sobre liderança, lista sete princípios que devem ser levados em consideração na aplicação dos reconhecimentos informais.
1° – Enfatize o sucesso e não o fracasso. É provável que você não perceba os pontos positivos, caso se ocupe na busca pelo que há de negativo.
2°- Promova o reconhecimento e a premiação de forma aberta e pública. Quando não se torna de conhecimento geral, o reconhecimento perde muito do seu impacto e do seu propósito.
3° – Realize o reconhecimento de maneira pessoal e honesta. Evite algo muito meloso ou demasiadamente elaborado.
4° – Faça com que o reconhecimento e a premiação estejam de acordo com as necessidades exclusivas das pessoas envolvidas. Dispor de opções habilitará o gerente a agradecer pelas realizações de acordo com as particularidades da situação.
5° – A escolha do momento oportuno é crucial. Reconheça uma contribuição durante todo o curso de um projeto. Premie assim que possível. Os atrasos enfraquecem o impacto da maioria das premiações.
6° – Estabeleça uma conexão clara entre realizações e premiações. Faça com que as pessoas entendam por que receberam os prêmios e os critérios usados para determiná-los.
7° – Reconheça o reconhecimento, ou seja, valorize os colaboradores que enaltecem os colegas por fazerem o que é melhor para a empresa.
Bob Nelson, autor do livro: “Faça o que tem que ser feito”, lista alguns exemplos de reconhecimentos informais: elogios pessoais, por escrito, eletrônicos ou públicos, maior autonomia e autoridade, folgas e horários flexíveis de trabalho, aprendizagem, treinamento e desenvolvimento de carreira, maior disponibilidade de tempo do gerente, pequenas premiações em dinheiro, vale presentes, jantares, passeios com a família e celebrações em grupo custam pouco ou quase nada além do tempo, criatividade e boa vontade dos gestores, trazendo em geral bons resultados e motivação dos colaboradores. O autor dá ainda algumas dicas por onde começar, como criar metas diárias ou semanais, ter no bolso cartões para elogios ou escrever uma lista com os possíveis eleitos.
Em tempos em que a ética, a moral e os valores andam de cabeça para baixo e que a falta de educação e o espírito de levar vantagem perduram em nossas relações cotidianas, seja no trânsito, na fila ou no estacionamento de um shopping, um simples obrigado ou uma pequena gentileza podem fazer a diferença em sua equipe. Tente. O máximo que poderá ocorrer é incorporá-la em sua vida, deixando o dia a dia daqueles que convivem com você menos duro e áspero, já que viver no país das maravilhas é privilégio para poucos.
Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.
Sobre Marcos Morita: www.marcosmorita.com.br professor@marcosmorita.com.br Informações para a imprensa: InformaMídia Comunicação Morgana Almeida morgana@informamidia.com.br (11) 2834 9295 / 97996 5949 Juliana Colognesi juliana@informamidia.com.br (11) 2834 9295/ 98393 3689